Segue abaixo um roteiro para se trabalhar com o curta metragem “D.Cristina perdeu a memória”
O roteiro abaixo foi extraído do centro de referênciavirtual do professor para acessa-lo clique aqui
Roteiro
Ficção | De Ana Luiza Azevedo | 2002 | 13 min
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Com Lissy Brock, Pedro Tergolina
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- Introduzir o assunto falando das características técnicas do filme;
- Iniciar falando do recurso da repetição utilizado para destacar a (falta de?) memória da D. Cristina.
- Usar o Mito de Prometeu (Ésquilo, séc.V antes de Cristo);
- Usar a Teoria do Mito do Eterno Retorno de Mircea Eliade (Romênia, 1907-1986). Para esse autor a repetição em ciclos de acontecimentos ao longo da vida é uma característica das sociedades religiosas. Ele embasa essa afirmação dando vários exemplos de sociedades primitivas: ciclos da lua, colheitas, calendário, aniversário e efemérides, ritos de passagem etc.
- Citar e explicar os elementos que compõem as cenas:
o Planos mais fechados, mostrando basicamente sempre o mesmo ambiente. Foco no rosto dos personagens.
o Cerca: Divide os dois personagens por quase toda projeção. Simbolicamente, pode representar a separação entre o passado e o presente ou a não lembrança e a memória.
o Bicicleta: É um meio de locomoção solitário e individual, o que faz dela, um símbolo da autonomia e do equilíbrio. É o que, de certa forma, Antônio representa em contraponto a D. Cristina. Apesar de ele ser a criança e ela a adulta.
o Pato: Animal da terra, água e ar. Representa a capacidade variada de estilos de vida. Simboliza a capacidade que tem a psique inconsciente de se transformar e de nos levar a uma nova situação que anteriormente nos parecia bloqueada. Nesse caso, representa a passagem de tempo e uma nova tentativa de estabelecimento de contato entre os dois personagens. O pato é, também, nesse caso, um divisor do tempo, entrando em cena toda vez que há uma quebra de continuidade, uma ruptura temporal.
o Ponte: Representa o elo de ligação entre o desejo e a realização. Não ultrapassar a ponte pode significar frustração, derrota; em contrapartida a passagem para ou outro lado significa sucesso, alcance, dever cumprido. É a busca do garoto para estabelecer contato entre ele e D. Cristina, conseguido no final do filme.
o Círculo: Simboliza, nas mais variadas Eras, Períodos Históricos e povos, a perfeição e a totalidade. O movimento circular, por ser perfeito, representa o tempo e sua passagem. Também pode ser interpretado como obejto de proteção física e espiritual.
- Citar conceito de tempo de Santo Agostinho ( Argélia,354-430 d.C) “presente das coisas passadas, presente das presentes e presente das futuras”.
o O presente é, na verdade, o nosso referencial para o passado.
o Falar sobre a memória afetiva da D. Cristina. As lembranças passam a ser mais claras na medida em que o objeto ou momento a ser lembrado tem algum vínculo mais sólido com os seus sentimentos mais profundos, suscitando afeto, carinho, tristeza etc.
o Na última parte da projeção, D. Cristina lembra sozinha o nome do Antônio. A ligação entre eles se estabelece de forma mais sólida. Pela primeira vez eles se encontram no mesmo “ambiente”, sem a presença da cercaque os separava por toda a projeção. D. Cristina constrói a ponte para Antônio passar. Ao descobrir que seus parentes falam que ela está desmemoriada, D. Cristina traz suas “relíquias” para que Antônio tomasse conhecimento de sua vida passada. Antônio torna-se, de certa maneira, ummemorialista da vida daquela senhora. Um álibi do seu não esquecimento.
o O lugar “bem guardadinho” utilizado por Antônio para guardar as memórias de D. Cristina é a cestinha da garupa da bicicleta; Ao guardar as lembranças, vem o desafio final: passar pela ponte (elo de ligação entre o desejo e a realização) que simboliza, ao mesmo tempo, a amizade dos dois personagens e a permanência simbólica da memória de D. Cristina. A “eternização” de suas lembranças passa a ser representada pelo trajetocircular (que representa a perfeição, o tempo e sua passagem) feita por Antônio em sua bicicleta (símbolo da autonomia e do equilíbrio).
o A última cena mostra o plano totalmente aberto e a trajetória circular é finalmente vislumbrada. A felicidade dos dois personagens pela ajuda mútua que um prestou ao outro é escancarada.
Referências Bibliográficas:
AGOSTINHO DE HIPONA. Confissões. Trad. J. Oliveira Santos e A. Ambrósio de Pina. São Paulo: Nova Cultural, 1999. 416 p. (Coleção Os pensadores).
ELIADE, Mircea.Cosmos e História: O mito do Eterno Retorno:.Portugal: Edições 70, 2000.
ÉSQUILO. Prometeu Acorrentado. São Paulo: Martin Claret, 2004.
GHEERBRANT, Alain; CHEVALIER, Jean. Dicionário de símbolos. Rio de Janeiro: José Olympio, 1994.
FONTES:
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